Cid Gomes (PROS)
sai do ministério da presidente Dilma Rousseff (PT), politicamente mais forte
do que quando entrou. Pouquíssimos políticos brasileiros teriam a coragem de
fazer o que ele fez, ontem, no plenário da Câmara dos Deputados, ao confirmar o
que dissera na Universidade Federal do Pará, sobre a existência de "400,
300 achacadores" naquela Casa. Ouviu o que não queria, mas foi duro,
inclusive ao apontar o dedo para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB),
e dizer que preferiria ser mal-educado a estar sendo investigado como ele
(Eduardo). Neste momento, ainda no calor dos acontecimentos, não dá para
mensurar o tamanho do desgaste político para o Governo e para a Câmara. Falar
mal por trás, tem um resultado, mas dizer na frente, dá a impressão de verdade
e, mais ainda de coragem. Ser chamado de palhaço como o foi, por um dos
parlamentares, e ameaçado de processo judicial, não confere ao acusado ser
limpo ou vítima de uma acusação despropositada. Cid saiu de Fortaleza, na noite
da última terça-feira, determinado a sair do Governo, após sua estada na Câmara
Federal. Ele ouviu ponderações de amigos e correligionários daqui, mas não os
deixou muito esperançosos de continuar ministro. Ele, até com os mais próximos
é bem reservado, mas quando determinou que levassem o seu carro particular para
o Congresso já deixou bem claro que não sairia de lá mais como integrante do
Governo. E assim aconteceu. Ele mesmo foi dirigindo até o Palácio do Planalto,
onde entregou o cargo. Os adversários dizem que foi exonerado. Faz parte do
jogo político. É verdade que se não pedisse para sair ia sair de qualquer modo.
O Governo não tem musculatura para manter um ministro que, como ele fez,
afrontasse a Câmara ao dizer verdades olhando para a maioria dos deputados.
Certo é que, goste ou não dele, é forçoso se reconhecer, ser um político
diferente da média geral, de coragem, qualidade reclamada de todos os homens
públicos. O futuro de Cid, até as eleições de 2018, ainda não dá para ser
analisada
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