O
Manoel Monteiro de Itupiranga, o Almir de São João deram as boas vindas
relembrando os fatos que fizeram o Jean ganhar seu lugar junto a eles.
Não é necessário citar esses fatos pois até as pedras do mundo mineral
sabem disso e poderiam falar. Um banner cobrindo a metade do ceu
organizado pelo Jean Pierre Leroy da FASE, a Iza Cunha da CPT e o
Rosinaldo do LASAT citava a longa lista dos seus escritos. Todas as
obras do Jean eram distribuídas de graça para quem quisesse; só tinha
que ter dois compromissos: o primeiro ler pelo menos uma obra (ninguém
podia alegar que, no Éden, tinha trabalho de mais ou que não tinha
tempo!!!!) e o segundo ser padroeiro forte de pelo menos uma ação da
reforma agrária no mundo.
O
arcanjo Michel organizou a fila dos abraços; foram vistos o “Gringo”
de São Geraldo, o Joao Canutos e seus filhos de Xinguara, o Expedito de
Rio Maria, o Benezinho de Toméaçu, o Virgilio de Mojú, o Gabriel Pimenta
de Marabá com o Dede e sua familia, o Arnaldo de Eldorado com o Regino e
o Oziel Pereira, o Fusquinho de Parauapebas, o Ze Claudio com a Maria, o
Geraldinho e o Zé Piau de Nova Ipixuna, o Cesinho com seu pai Sebastião
e as duas santinhas, Edileuza e sua irmãzinha de Goianésia, o Dezinho e
o Ribamar de Rondon, o Zezinho da Marina de São João: esses são aqueles
que se conseguia enxergar pois a fila se perdia nas nuvens do céu e foi
muito demorada. O Jean falou muito emocionado: longe da região de
Marab&aacut
e; por mais de dois amargos anos não sabia que o Manoel e Almir o
tinham antecipado no céu; falou pouco e agradecendo dizendo que estava
com muita saudade de todos, que fazia tanto tempo !!!...e que agora ia
ter todo tempo do mundo para botar os assuntos em dia.
O
Josimo, a Dorothy e Adelaide organizaram o cocktel; distribuíram
caipirinhas e sucos de frutas para quem queria. O imenso bolo de
macaxeira não tinha vela pois agora no paraíso não precisava mais contar
os anos; esse bolo tinha a forma do Brasil na cor da terra que todos
queriam ver dividida. O foro correu até o amanhecer.... O bom São Pedro
estava preocupado: o Jean estava mudando até o céu; (sorte para nos da
terra!!!!!)”
&&&&&
Em
julho 2014, fui na Bélgica visitar o Jean junto com minha Socorro, com
minha mãe e meu irmão Jean também, todos bem conhecido do nosso Jean.
Nos todos ficamos chocados de encontrar ele em cadeira de roda não
conseguia se levantar, com dificuldade de falar: o mal de Alzheimer
estava progredindo violentemente. Mas o sorriso que ele deu quando nos
percebeu foi aquele que todos conhecem. Fomos no quarto dele. Ele
perguntava muitas coisas; pedia noticias dos amigos de Marabá; ele tinha
dificuldade de acompanhar os relatos. Várias e várias vezes, seu olhar
azul se perdia no espaço: filmes e filmes de lembranças deviam passar na
tela da sua vida. Nos deixamos ele no refeitório para a janta com a
claro impressão que o corpo dele estava na Bélgica mas a c
abeça e o coração estava no Pará.
Alguns
dias depois estava com a Socorro e meu irmão o Jean, em Paris,
visitando o Henri des Rosiers; comentando nossa visita ao Jean, o Henri
com seu corpo pela metade paralisado mas com espirito muito vivo, ele
acrescentou: “estamos vivendo aqui, mas estamos como peixe fora da água;
nossa água viva esta no Sul do Pará!!!!
Encontrei
o Jean logo que cheguei no Brasil no dia 26 de julho de 1975: foi ele
que, tendo um compromisso no Rio como professor do NAEA/UFPA, aproveitou
para me deixar no CNFI, escola de língua e aculturação para agente de
pastoral que chegava no Brasil.
Foi
o Jean que encontrei nas pesquisas que fazia junto com Rosa Azevedo na
região de Marabá. Muitas vezes, encontrei ele quando nos criamos a CPT
Regional Norte II e a de Marabá junto com Dom Alano, a Dorothy com sua
colega Rebeca, Ademir Martins, Luza, Orlando Solino: Marabá era e ainda
é uma mina para bamburro para qualquer pesquisa sobre o campesinato.
Foi
o Jean que encontrei como conselheiro e colaborador na formação da CPT
regional Norte quando fui, em 1981, eleito coordenador da Reginal Norte
II: ele estava nesse Conselho entre muitos outros, o futuro vereador
Humberto Cunha, a pastora Marga Roth, o Mateus Oterloo, o advogado Paulo
Fontelle, Carlos Sampaio, José Carlos Castro, Egídio Sales que juntos
com os movimento sociais e a CPT Regional criaram, no mesmo ano, a
articulação do Movimento de Libertação dos Presos do Araguaia-MLPA.
Foi
o Jean que encontrei quando casei com a Luza em1981 e que me deu todo
seu discreto mas evidente apoio; numa viagem que fez na Europa, teve a
delicadeza de visitar meus pais na França. Foi o Jean que estava lá
quando nasceram a Ulda e o João. Foi o Jean que estava comigo quando a
Luza faleceu na Ordem Terceiro em Belém no dia 2 de Novembro 1994. Foi o
Jean que veio em casa muito alegre para conhecer minha noiva Socorro
junto com seus dois filhos Bia e Fabio Junior.
Foi
o Jean que encontrei quando junto com Almir Ferreira Barros, na época
representante regional da FETAGRI, procurávamos uma entidade de apoio
para acompanhar os problemas enfrentados pelos posseiros do
Araguaia-Tocantins. O Jean com seu cúmplice Raul Navegantes formando a
coordenação do NAEA, nos convidou junto com as recentes direções dos
STTR dos sudeste paraense para um seminário de dois dias em 1987 que
resultou no esboço do futuro programa do Centro Agro-ambiental do
Araguaia Tocantins.
Foi
de novo o Jean que encontramos na criação da Fundação Agrária do
Tocantins Araguaia-FATA para dar apoio aos agricultores organizados nos
STTR da Região Sudeste, composta, na época, apenas de 4 municípios; hoje
são 14. Os presidentes dos STTR das novas diretorias combativas
recentemente eleitas eram Almir Ferreira Barros para São João, Manoel
Monteiro para Itupiranga, Maria de Jesus Aguiar de Jacundá e Antonio
Chico de Marabá; marcaram a assembleia para o dia 1 de agosto de 1988,
no terreno da FATA de baixo das arvores na beira do Itacaiunas; eles
formaram a primeira direção da FATA junto com o Jean.
Foi
Jean com seu cúmplice Vincent de Reynal que articulou os pesquisadores
comprometidos com a causa camponesa no Laboratório Socio-ambiental do
Tocantins-LASAT e criou o primeiro curso de especialização DAZ para
Agrônomos do campo.
A
partir da criação do CAT com suas dois braços a FATA e o LASAT, o Jean
raramente ficava mais de um mês fora de Marabá, principalmente quando
foi decidido a construção do Centro de Convivência da FATA/LASAT no Km 9
da Transamazônica.
É
o Jean que foi com o Almir presidente da FATA e o Alex Fiuza Pro-reitor
de Extensão da UFPA ate a comunidade europeia em Bruxelles para
apresentar com sucesso o orçamento e a planta dos prédios do CAT que foi
inaugurado em Julho 1992.
A
partir dai o Jean não “desgrudou” mais de Marabá: estava lá na fundação
da Cooperativa Camponesa do Araguaia Tocantins-COOCAT em 1993, na
criação da primeira Escola Família Agrícola em 1996, no primeiro Fórum
da educação do Campo em 1997.
Passaram uma média de 1500 pessoas por ano na FATA; duvido que se esqueceram o Jean
O
Jean foi o maior intelectual orgânico e o maior promotor de cidadania
do campesinato da nossa região; marcou uma geração de sindicalistas e
pesquisadores do campo; nos temos um padroeiro seguro e forte com toda
sua tropa lá no Alto: não vamos deixar cair a peteca pois eles estão de
olhos e zelando da gente!!!!
Emmanuel
Wambergue - agrônomo e educador popular atuou na CPT, FATA/CAT,
COPSERVIÇOS. Atualmente aposentado, mas continua na ativa através do
NEDETER/UNIFESSPA, teve uma longa caminhada com Jean Hébette a serviço
da classe camponesa.
Para complementar as informações sobre o Jean, segue em anexos algumas fotos e texto.
Aqui dois links do Gutemberg e Lúcio Flávio Pinto.
https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2016/11/12/jean-hebette-se-foi/
https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2016/11/12/a-memoria-de-jean-hebette/
Para complementar as informações sobre o Jean, segue em anexos algumas fotos e texto.
Aqui dois links do Gutemberg e Lúcio Flávio Pinto.
https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2016/11/12/jean-hebette-se-foi/
https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2016/11/12/a-memoria-de-jean-hebette/
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